quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Na Alemanha 10 – 22 de Janeiro de 2010

Acordei, tomei banho, comi umas bolachas que tinha na mochila e parti-me ao Free Tour. O ponto de encontro em Munique é na Marienplatz, ponto turístico principal da cidade. Lá o tour começou, às 10:45 da manhã.

Um famoso acontecimento se passa todo dia nesta praça às 11:00 da manhã: Glockenspiel. O relógio na torre da Marienplatz começa a tocar 62 sinos fora de tom, fazendo um barulho longe de ser música enquanto alguns bonecos começam a se mexer em um pequeno palco no topo da torre. A guia do tour passou 10 minutos só zoando do pequeno ‘show’. Tirava sarro das dezenas de turistas que se acumulavam na praça com suas máquinas em punho, prontos pra fazer um vídeo do ‘show’. O negócio é muito sem graça. Dura 15 minutos e nada acontece. Os bonequinhos se mexem e giram. E é só. O Glockenspiel ganhou o prêmio de segunda atração turística mais superestimada do mundo. O primeiro lugar foi de um ‘show’ de relógio muito parecido com este, só que fica em Praga e é 5 minutos mais longo.

Continuamos o tour. A história que a guia conta ao longo do caminho se resume em dois tópicos principais: Nazismo e cerveja. A cidade de Munique era considerada por Hitler como ‘Hauptstadt der Bewegung’ – Capital do Movimento. Seus monumentos e construções tem muito a contar sobre os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, mas talvez não tenha tanto a contar sobre isto quanto tem a contar sobre cerveja.

A cidade, sede da Oktoberfest, tem a cerveja incrustada em sua história. Passamos pela Hofbräuhaus, a ‘Meca’ da cerveja, uma das mais famosas cervejarias - ou Biergartens, pra ser mais exato - do mundo e onde, hoje em dia, se encontra a maior concentração mundial de chineses à noite. Passamos pela praça onde tem o ‘Maple’ de Munique, tradicional símbolo das cidades do estado da Bavária: um alto poste de madeira pintado de azul e branco – cores da Bavária. Neste poste colocam-se esculturas representando cenas culturais ou típicas da cidade. O Maple de Munique tem seis dessas esculturas. Todas ligadas a cerveja. Um camponês levando barris de cerveja com um carro puxado por cavalos, os brasões das 5 principais marcas de cerveja da cidade, um padre carregando uma rama de trigo, pra fazer cerveja... e outros. A cidade passou por duas grandes revoltas públicas chamadas Primeira e Segunda Revoluções da Cerveja. Certa vez, o rei aumentou o preço da cerveja de 6 pra 7 unidades do dinheiro da época. Dez mil pessoas saíram gritando e quebrando tudo no centro da cidade até que o rei decidiu voltar o preço ao normal. Outra vez o rei decidiu proibir os Biergartens de funcionarem depois das 9 da noite. Mais quinze mil pessoas desceram em passeata pela cidade, e o rei voltou atrás na sua decisão.

É. Em Munique, com cerveja não se brinca.

Ao longo do tour passamos por vários pontos interessantes. Uma catedral que foi inteira destruída por bombardeios na segunda guerra, com exceção de suas torres, que foram deixadas de pé pra servir como ponto pra orientação dos aviadores, como naquela época não existia GPS. Uma janela de uma igreja com uma bala de canhão incrustada em sua moldura de tijolo. Os prédios que foram destruídos na segunda guerra e estão ainda hoje sendo reconstruídos exatamente como eram antes, tendo como guia fotos tiradas de cada detalhe da arquitetura quando os oficiais souberam que o bombardeio da cidade era inevitável.

O tour terminou. Tinha mais duas coisas marcadas pro dia. Ir ao Alianz Arena com o Ronaldo, às 14:30 e depois combinei com a Laura, a alemã de Munique que conheci no albergue em Lyon na minha primeira semana, de nos encontrarmos na Hauptbahnhof às 20:00.

Ok. Cheguei ao albergue, na hora combinada. E, como de costume, ninguém apareceu. Esperei até as 15:30. O tiozinho não ia mesmo vir. Tudo bem. O Alianz Arena fica pra outro dia.

Saí pra comer alguma coisa e dar uma volta pelos quarteirões em torno do albergue. Não encontrei nada de mais.

Voltei ao albergue e fui tomar banho. Um pouco antes das 20:00 cheguei à Hauptbahnhof, e a Laura chegou lá às 20:00. Jovem! Um desperdício ter namorado. Mas enfim...

A gente ficou esperando lá até um amigo dela chegar. O Nikko, ou Mikko, ou Miko, ou Kiko, sei lá. Algo assim, o nome do cara. O cara era gente boa. Meio esquisito, mas gente boa.

Depois de um tempo pra decidirmos onde iríamos, decidimos ir no show de um amigo do Mikko, num café não muito longe da estação. Ele tinha o endereço, era 72, ???strasse. Não lembro o nome da rua, é claro. Achamos o número 72, que correspondia a um calmo e escuro prédio residencial. Nada de café. Meio sem esperança de achar o lugar, andamos pra cima e pra baixo da rua, procurando algum café. Até que, no fim da rua, vimos o número 71, uns 300 metros distante do número 72. Não entendo a numeração das ruas alemãs. Terminou que, afinal de contas, era mesmo 71 o número do lugar, e não 72. Chegamos no lugar a tempo de ouvir duas músicas tocarem e o show acabar.

Saímos e fomos a um bar chamado Worker’s que ficava ali perto, onde eles, a Laura e o Mikko, tiveram a idéia de fingir que eram também turistas. Fazer os pedidos em inglês e ver como os garçons tratam os turistas. O Mikko seria o Steve, da Austrália, e a Laura era a Lola, de Estocolmo. Eles se divertiam. Perguntavam como falar as frases em alemão; falavam, com sotaque, frases famosas da Oktoberfest perguntando o que elas significavam. Fazendo a festa. O Mikko perguntou pra um dos garçons, que era da Turquia, se ele achava os alemães muito frios, e ele respondeu que sim. Que era muito difícil de fazer amizades na Alemanha. O Mikko achou o máximo, disse que nunca ouviria isto se não estivesse fingindo ser estrangeiro.

No meio da atuação, quando todos os garçons e garçonetes já sabiam que éramos ‘estrangeiros’, chega, na mesa ao lado, a banda do amigo do Mikko, e começa a conversar com ele. Em alemão!

Acho que os garçons não perceberam nada, porque rapidinho o Mikko explicou pra eles o que a gente estava fazendo e eles começaram a falar só em inglês com a gente também.

A Laura estava com medo de eles descobrirem que estavam fingindo, e quase não falava nada.

Fiquei conversando com o Daniel, o vocalista da banda. Um muniquense nato! Cheio dos costumes da Bavária. Ensinou-me a maneira bávara de cumprimentar. Tanto pra dar ‘tchau’ como ‘oi’ eles dizem ‘Servus!’. Brute! E eles usam isso mesmo. No sul da Alemanha os jovens usam muito esse cumprimento entre si, mesmo fora da Bavária.

Lá pela 1 da manhã saímos e voltei ao albergue. Combinamos de nos encontrar no dia seguinte, sábado, na mesma hora na Hauptbahnhof.

Tinha que dormir logo. No dia seguinte ia acordar cedo para ir ao castelo de Neuschwanstein, um dos destinos mais famosos da Bavária.

*Ouvindo – ‘Jamiroquai – Travelling Without Moving’

2 comentários:

  1. Mto legal!!
    acho que deve ser bem especial viver momentos com nativos, né?
    são dois olhares distintos.

    amei!

    bjo, querido

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  2. Ah, esqueci de comentar: como esses alemães levam a sério a tal da cerveja, hein? Não dá pra brincar não...

    kkkkk

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