quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Na Alemanha 1 - 14 de Janeiro de 2010

Primeiro dia de viagem. Viajar sozinho é estranho. Uma sensação nova que ainda tenho que explorar um pouco mais pra conseguir descrever. Enquanto ando pelos lugares, pelos corredores do aeroporto ou metrô, me sinto pequeno, parte de um todo infinito, uma sensação de liberdade, mas ao mesmo tempo um tanto intimidadora. Tem suas várias vantagens e várias desvantagens. Mas já chega de introspecção, vamos aos acontecimentos.

Acordei, relutante, às 6 da manhã. Depois do ultimo checklist no quarto e alguns e-mails saí, às 7 da manhã. Deixei a chave do meu quarto com o Neil e zarpei da Puvis, em direção à estação. Ainda estava completamente escuro.

O trem partindo para Genebra, onde pegaria meu avião para Berlim, saiu às 8 da manhã. Viagem tranqüila, trem vazio, muita neve na paisagem lá fora. Chegando a Genebra, duas horas depois, peguei a passagem subterrânea que liga a estação ao ponto de ônibus, onde pegaria o ônibus 5 para o aeroporto. Essa passagem é uma pequena galeria, com algumas lojas, em uma das quais, é claro, comprei alguma quantidade de chocolate suíço, como não podia deixar de ser. Comprei meu ticket na parada de ônibus, e o marcador dizia que o ônibus estava previsto para chegar em 10 minutos.

Neste ponto é bom que seja criada uma imagem mental da minha figura andando pelas ruas. Só lembrando, aqui é inverno. E é frio. Então lá estava eu, com meu maior casaco, que me faz parece um boneco da Michelin, com minha mochila imensa de 10kg e com os bolsos do casaco lotados de coisas: passagens, passaportes, reserva de albergue, câmera fotográfica, carteira... Nada confortável. Nada bonito.

Cheguei ao aeroporto. Mais de 3 horas antes do horário previsto do meu vôo. Sentei na praça de alimentação, chamada de ‘Jardins de Genève’, e acessei a internet para mandar notícias e passar o tempo. Tempo passado, comi um sanduíche no Burger King e fui procurar meu portão para embarcar, isso uma hora antes do horário previsto para o meu vôo. O vôo, apesar de todos os problemas vistos ultimamente com nevascas, não atrasou para sair.

Uma coincidência! Na fila para embarque tinha uma menina atrás de mim com uma passagem que tinha preferência de embarcar, então eu ofereci pra ela, em francês, pra ela passar na minha frente. E ela respondeu que eu podia ir, dizendo: ‘sivuplé’, num inconfundível sotaque brasileiro. Perguntei, depois, se ela era brasileira, e era. Ficamos conversando durante o vôo. Ela é de Belo Horizonte , se chama Joana e está vindo para encontrar algumas amigas aqui em Berlin. Brasileiro é praga. Tem por todo lado. O Tom estava certo.

Em Berlim! O vôo não atrasou nem um minuto, por incrível que pareça. Saímos do aeroporto e fomos para a estação de metrô, onde deveríamos pegar um tal de ‘Airport Express’, que nos levaria rapidamente à estação central de Berlim. Mas esse trem não estava funcionando, então tivemos que pegar outro trem, lerdo. E ainda tínhamos que trocar de trem em uma estação. Seguimos uma mulher que também estava indo pra estação central. As estações são meio confusas. Muitas linhas se cruzando.

Enfim, chegamos, já de noite, à estação central – Hauptbahnnhof -, a Joana pegou um táxi para o albergue dela e eu fui procurar o tal do ônibus 245 direção ‘Zoologischergarten’ que iria me deixar perto do albergue. Cheguei à parada, e não tinha ninguém. Muita gente passando, mas ninguém parado esperando, um mau sinal. No mostrador digital dizia algo em alemão que não entendi, mas duas ou três palavras que reconheci não eram nada encorajadoras. Na mesma hora ouço duas pessoas passando atrás da parada falando francês. Um homem mais velho e um cara da minha idade, e (olha que surpresa!) o mais novo tinha o mesmo inconfundível sotaque brasileiro! Pedi ajuda ao senhor para ler o aviso em alemão, falando em francês. Ele me disse, então, que os ônibus estavam sendo desviados, e não estavam passando ali. Identifiquei-me como brasileiro pro cara e conversamos um pouco em português. Eles não sabiam onde pegar o ônibus.

Fui então, de volta para a estação para pedir informação. Antes de atravessar a rua, porém, percebi um cara parado na mesma parada que meu ônibus deveria passar, olhando para todos os lados, aparentemente tão desnorteado quanto eu, apesar de, como descobri mais tarde, ele morar em Berlim há 25 anos. Perguntei se ele falava inglês, e ele falava. Então conversamos, e vimos que procurávamos o mesmo ônibus. Ele então me ajudou, perguntando para o motorista de outro ônibus onde deveríamos pegar o 245. Ficamos conversando no ônibus. Como já haviam me dito, os berlinenses parecem ser muito simpáticos. Ele perguntou o que eu estava fazendo na Alemanha, o que eu estudava na França e por aí em diante. Descemos na mesma parada e nos separamos.

Depois de uma jornada de mais 12 horas enfim chegava ao albergue. O albergue, que é um pitoresco e bizarro espaço de Berlim, merece um post só para ele. Talvez depois.

Mas, enfim, fiz o check-in, aprendi a mexer na internet, e aqui estou eu, registrando meu primeiro dia de viagem. Morto de cansaço e louco pra dormir e conhecer a cidade amanhã.

*Ouvindo – “Richard Bona – Tiki”

3 comentários:

  1. Eh meu filho. Vida de turista nem sempre é fácil. Sozinho, pelo menos, não tem testemuha e você conta só o que te interessa. Tira os micos mais cavernosos. Quanto ao casacão e à bagagem (de bolso e das costas) não tem nada de feio. O boneco da Michelan ate que é bonitinho. Muito bom depois descreva o albergue.

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  2. Adorei a descrição da saga de sua primeira viagem solitária... Estar só, apesar das desvantagens como vc disse, tb te permite a liberdade de ousar sem receio algum...
    Deve ser mto mto bom!

    E concordo com seu pai... O bonequinho da Michelan é liiiiiiiiindo!!!

    bjo
    amo mto vc!

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  3. Só agora estou abrindoo14 de janeiro de 2010.Grande axperiência!Orgulho-me de vc.Pela descrição mostra seu carater.Bon courage mon petit Michelin. Que Deus o conserve assim.Cariiinho!!!Tia ArlindaMaria.

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