quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O Banheiro

O banheiro do andar fica em frente ao quarto 813, logo depois da porta do elevador. Para chegar ao meu quarto – o 801 –, vindo do banheiro, deve-se passar em frente de todos os quartos, do 813 ao 802.

Nele existem quatro cabines: duas com uma privada cada e outras duas com uma ducha cada. Comecemos pelas boas qualidades. As duchas são ótimas, água quente e fria sempre funcionando, permitindo sempre o alcance da temperatura desejada. O banheiro é lavado todo dia, pelas encarregadas da limpeza, então está sempre limpo.

Pronto. Agora, às dificuldades.

Na porta de cada uma das cabines de privadas lê-se o seguinte aviso: “Por motivos de higiene pedimos que leve seu lixo para a lixeira de seu quarto”. Logo entendi o porquê; abrindo a porta da cabine percebe-se que, lá dentro, encontra-se apenas a privada. Nada de lixeira. “Motivos de higiene”?!?! Quer dizer então que tenho que pegar meu papel higiênico, usado, sair do banheiro, diplomaticamente cumprimentar meu colega com um caloroso aperto de mão e, chegando ao quarto, jogar a sujeira no meu lixo? Higiene?!?!

É claro que a regra estabelecida por nós foi: o papel desce com a descarga e o aperto de mão deixa pra depois.

Mas um outro problema não tem solução tão simples. Analisando a cabine com um pouco mais de cuidado, percebe-se a ausência do essencial: o papel higiênico. Na verdade, cada um tem o seu papel higiênico, no quarto. Assim, somos forçados a identificarmos o objetivo de nossa visita ao banheiro, levando ou não seu próprio papel consigo. É como se cada um andasse com um crachá no peito: “Número 1” ou “Número 2”. Bom, né!

Isso abre a possibilidade do desenvolvimento de novas habilidades. Formas de esconder seu papel higiênico. Se sua visita for seguida de uma ducha, é fácil; uma toalha enrolada pode esconder muito mais do que um rolinho de papel. Tranquilo!

Se você for o sortudo que mora no 813, maravilha! Uma rápida e despretensiosa olhada no corredor e, se ninguém estiver por perto, em um pulo você está dentro da cabine.

Agora, se você mora no 801... Não tem jeito. Vai ter que usar o crachá...


*Ouvindo – ‘Esperanza Spalding – Esperanza’

3 comentários:

  1. hahahahahahahaha
    adorei.
    tem q usar crachá como qualquer outro mortal "trabalhador"..

    ResponderExcluir
  2. Muito bom. Se tiver algum francês morando aí, certamente ele vai sair com o crahá equilibrando na cabeça. Uma boa saída é você comprar uma necesserie maiorzinha para caber só o crachá. hahahahaha

    ResponderExcluir